sábado, 25 de outubro de 2014

Raio dos 50 que vem por aí e não me deixam fo-d-r!!






" Aos 50 anos, a actividade sexual não tem a importância que assume em idades mais jovens"

Por favor, não deixem que menores de 18 anos tenham acesso aquilo que me apetece escrever e que vou escrever! Espero!


A afirmação que coloquei no inicio deste texto, consta de um acórdão do Supremo Tribunal Administrativo e serviu de justificação, segundo imprensa destes últimos dias,para reduzir a indemnização atribuída a uma mulher que, devido a um erro médico, nunca mais conseguiu manter relações sexuais, reduzindo, não só por isso, a sua qualidade de vida a um estado absolutamente despojado de sentires.

O Supremo Tribunal Administrativo está consagrado na Constituição da República Portuguesa, segundo a Wikipédia, " como órgão de cúpula da hierarquia dos tribunais administrativos e fiscais, aos quais compete o julgamento de litigios emergentes das relações, blá, blá,blá..."  "... compreende duas secções (...) que funcionam em formação de três juízes ou em pleno. (...) Cada secção é composta pelo presidente do tribunal, pelos respectivos vice-presidentes e pelos restantes juízes para ela nomeados..."

Mas está toda a gente fodida da cabeça????? Mas quem, no seu juízo perfeito diminui uma indemnização perfeitamente justa considerando que o erro médico apenas agravou uma situação (...), e que a existência de já dois filhos, mais a idade avançada (50 anos) que diminui a importância do sexo, só por si é mais que justificação suficiente para esse tipo de decisão?

Mas anda todo mundo louco, reduzindo a 2 ou a 5 dedos de conversa diária ou não, para não dizer de grosso modo, masturbação, a sua própria sexualidade? Não tenho nada contra as masturbações mas, para mim, quem toma e decide este tipo de justiça, só pode estar reduzido a uma inércia e fria sexualidade que  tolda os neurónios, reduzindo a libido a um olhar o  sexo como elemento  meramente decorativo do seu corpo que altera, consoante  o tamanho da excitação e que nada mais conta a não ser a ilusão fantasmática de poder onde, o desejo e a tesão alimentam um narcisismo exacerbado que anula, de uma forma clara, o direito do outro à sua própria sexualidade, desejo e tesão...

Mas, oh! mentes retrógradas e alucinadas, por onde andam, neste século em que todos se juntam e em  uma só voz, condenam diariamente  as mutilações genitais femininas  ou excisão feminina ou ainda, circuncisão feminina, prática esta ainda existente em países como na África e Ásia onde, através deste gesto, castram o direito ao prazer, amputando o clitóris da mulher de modo a que esta não possa sentir prazer durante o acto sexual???? Não acham que o que aconteceu por aqui, não foi também um acto de absoluta mutilação, perpetuado nos anos que restam na vida desta senhora que só faltará acrescentar que o facto da sua viuvez, só por si, também justifica a não necessidade de compensar esta terrível negligência médica...

Mas que c@r@!h$ de decisão é esta??? Serão todos os que a pensaram eunucos, frustrados e castrados  na sua própria sexualidade?

A sexualidade está sempre presente  nas várias etapas da vida de uma  mulher, oh! estúpidos, idiotas!!! O facto de a  partir de determinada idade a mulher deixar de poder procriar não quer dizer que por isso,  perca a sua capacidade de desejar e de ter prazer ! Bem pelo contrário! A maturidade do ser, imprime outro ritmo, outro estar, outro sentir, outro amar mas nunca retira a vontade de "sexar"!!


Esta decisão, e não acho que eu esteja errada, parece-me vir  impregnada de um certo sexismo! Esse mesmo que provavelmente  desvaloriza o desejo da intimidade da parceira, reduzindo-a a mero receptáculo de esperma ( como era vista na Grécia antiga), e que aceita como válidas, apesar de não compreendidas, as desculpas esfarrapadas para a não submissão a um  acto sexual! Nunca questionando a sua própria contribuição para a necessidade da mulher criar essas desculpas!!!!!! Lá diz o velho cliché "... não há mulheres frígidas e desprovidas de desejo, há homens claramente incompetentes" , pelo menos os que, enquanto juízes conselheiros,   estiveram por trás desta decisão!

Srs. Drs. Juízes Conselheiros, com todo o respeito que me merecem, que não é nenhum, vão todos levar no cu!!!!!!!!



Drs. Juízes Conselheiros, aconselho a leitura deste fantástico relatório



mp&c



sexta-feira, 24 de outubro de 2014

Coisa alguma...



Nunca vos aconteceu isto???

Bom, dirão os entendidos das yogas e das meditações e de tudo  que exija  concentração, que é fácil atingirmos num tempo e num espaço cerebral, um estado profundo de coisa alguma!!!

Aqui para os meus lados, nunca chamei a coisa por esse nome mas, quando os meus se chegam a mim e dizem qualquer coisa como:

- Visto azul ou verde?
- A saia ou as calças?
- O fato azul ou o cinzento?
- Vamos aqui ou ali?
- Como carne ou peixe?

Eu respondo-lhes:

- Claramente num estado profundo de não sei... 

O silêncio impera por uns segundos! Os olhos chispam fogo! A boca contrai-se só pelo desejo do que se quer dizer mas, não se pode!

... e a vida continua...

mp&c












quinta-feira, 23 de outubro de 2014

Pai que é pai...




Aqui pelos meus lados, num diário constante de carências afectivas, pela ausência, pela presença, pela presença mas em ausência de figuras parentais nos dias que antecederam desde sempre a nossa adultez, vou contendo, suportando e trabalhando, muitas horas de pai ou, falta de pai!

Pelos meus lados e pelos lados da maior parte dos psicólogos que beberam mais significativamente a abordagem dinâmica, costumamos dizer, em tom jocoso,  que " a culpa é sempre da mãe"! Se é que há, neste processo tão complexo de crescimento, culpados!! Mas enfim, afinal de contas, num processo natural,  o pai também existe...

E hoje, ao vir pela manhã, agoirando um dia cheio de sol, calor e acompanhada por esta  paixão enorme pelo que faço, voltei a pensar o pai numa realidade infantil!

Isto porque, junto ao endereço onde exerço, como em vários endereços por aí espalhados, localiza-se um colégio que vai desde a primária até ao 12º ano! Todos os dias e até chegar ao meu local de trabalho, perco cerca de 5, 10 minutos no trânsito que se acumula, devido à logística diária parental com os  vários pais e mães a deixarem os seus filhos para mais um dia de escola  igual a tantos outros...

Engraçado como me lembro do primeiro dia de escola da minha filha,onde eu, mais do que ela, respirava ansiedade, angústia e até mesmo pânico deste "primeiro dia do resto da sua vida..." passados tantos anos, ainda na semana passada, este sentir voltou. Numa outra fase, tanto minha quanto dela,  a mesma frase, bailou ao ritmo da vida dentro de mim, no seu primeiro dia de trabalho: " hoje é o primeiro dia do resto da tua vida..." ( grande Sérgio Godinho que escreveu isto há anos...)!
Coisas de mãe...


Bom, voltando ao tema, estando eu parada no trânsito, pendente de mais uma criancinha que saía do carro ou atravessava a passadeira, reparei que, quem as levava pela mão ou as tirava do carro com jeitinho, eram sobretudo os pais!

Não que não o façam com cuidado nem cheios de afecto mas, a forma como as levavam ou, puxavam ou, arrastavam, claramente, e faço por pensar assim, tinha tudo a ver com este problema da maior parte da população "FALTA DE TEMPO"!! As correrias diárias...

Mas, ver estas crianças, puxadas pelo seu herói, com a força que cada um dos pais coloca nas suas preocupações, pôs-me a pensar sobre este sentir infantil: já não basta a angústia de separação, os medos do não retorno, a pressa de "despejar", ainda terem que acelerar para chegar à meta destas emoções extremadas!

E aí, assistimos a várias cenas:
- o filho/a que quase vai pendurado, enquanto tenta desesperadamente carregar a mochila;
- o filho/a que vai à frente fingindo que é mais capaz do  que o pai de encarar a separação;
- o filho/a  que vai à frente, ele próprio puxando o pai e o outro atrás com dificuldade de deixar-se levar;
- o filho/a que caminha ao lado, de mão dada, firme, tentando desesperadamente ter a mesma amplitude de passo que a do seu pai;
- e o filho/a que, afastado, não teme fazer birra, estar amuado, triste, porque, não que não queira  ir para a escola mas, a ausência e a separação implícita neste ir deixa-o assim, só, sem herói! 

Dentro deste universo adulto possamos nós, num hiato de tempo criado e feito pela nossa vontade de o fazer, parar e voltar a sentir criança...

mp&c



segunda-feira, 6 de outubro de 2014

Este filme é para ti ...



Este filme é para ti mami... eu não digo asneiras, tu sabes, só escrevo...

Tinha garantido a mim mesma que nesta minha escrita por aqui, não iria expor as minhas dores e os meus maus pedaços de caminho! Nunca foi essa a minha intenção quando me deixei enlevar  por este mundo dos blog´’s que , tal como digo no meu BI, me entusiasmou sobretudo por poder permitir-me escrever sobre tudo e sobre nada, sobre coisas sérias com humor e outras só porque sim mas, acima de tudo, um espaço que me desse espaço, para poder escrever sem preconceitos, cuidados ou limites, tal como o nome do meu blog sugere.

Mas, a vida é mesmo assim, cheia de imprevistos e, o que hoje é inquestionável e tomado como principio base, amanhã altera-se quase por magia!

Nestes últimos tempos não tenho escrito! Não só por excesso de trabalho, como escrevia há dias, estes amores e desamores desarmam e ocupam qualquer um  mas, também porque, apesar do expectável, ao estar mais perto  de uma realidade inevitavelmente dolorosa, o humor que está comigo numa relação estável há imensos humanos,  tem andado por aqui um pouco tímido e silencioso!

Escrever é terapêutico! Não me canso de dizer! Claramente algo que eu gosto muito! Isso e o sentido de  humor, apanágio só de alguns!

E ontem, junto ao meu pai,  que todos os dias desaparece mais um bocadinho confinado a um tipo de doença degenerativa ,como fica tão bem dizer-se actualmente e como fica tão bem ouvir-se, para quem está distante desta realidade e ainda bem, voltou a trazer até mim, assim, com um imenso carinho reflectido no seu olhar distante e ao mesmo tempo tão perto , uma gargalhada que saiu de forma tão espontânea  e limpa , enfeitiçando-me e trazendo com ela aquele homem que no alto da sua idade e sabedoria, sorria-me sempre  de forma cúmplice e sedutora, conquistando-me diariamente o afecto! Hoje, já quase não sorri! E como eu gargalhei!!!!
  
E voltou a  apetecer-me escrever…

Ontem, ao olhá-lo, deitado na cama, imóvel, sentindo-o vivo só pelo olhar, disse-lhe:

- Papi, lindo!!!!!! Estás acordado!!!! – Piscou os olhos sorrindo com eles e como tantas vezes o fazia perguntou-me:

- A mãe?

- Está na cozinha, papi!!

- Ela está bem disposta? -  Era o seu registo sempre que enfrentava “ a dama” sobre qualquer coisa que fosse que o levaria a questioná-la. Antes de, informava-se sobre  o estado do  “ terreno” :-) !

E eu desatei-me a rir à gargalhada, perguntando-me em silêncio qual seria a fantasia dele de enfrentamento com a sua “dama”! E ele sorriu, dando-me a ilusão de que tinha percebido o porquê da   espontaneidade do meu gargalhar!

Voltou-me a vontade de escrever papi!!!! Este texto é para ti, mesmo que não saibas sequer que ele existe! Eu sei !! E isso basta-me!!!!!



mp&c