Bom, inspirada por uma noite fantástica , muito bem acompanhada
pela minha irmã e prima, três mulheres deliciosamente bem dispostas, onde os sons de Kizomba nos envolveram,
atacaram, não largaram e fizeram dançar, até a alma, resolvo lapidar por
palavras esta coisa da “Quizomba/Kizomba” que remata corpos e transcende qualquer tipo
de regra dançante!
Agrada-me este som… resquícios de uma infância entregue ao
aroma e cheiro da terra vermelha molhada, aliena-me de ritmos actuais, não
questionáveis, simplesmente imperceptíveis aos meus ouvidos delicados ;-)… E
gosto de ouvir tudo o que por aí anda, por mais que se questione a qualidade do
compasso, ou das notas, das letras...Oh! Estou-me nas tintas! Merda para os pseudo-intelectuais
que se focalizam num estilo, defendem com ar de aristocratas mas que no fundo,
adorariam o reboliço das ancas, num embalo de noite africana! Com todo o
respeito! E como gosto…
Mas e nestas coisas há sempre um mas, reconheço que o
compasso de uma” batida forte em ritmo 4/4, dado por um tambor grave como surdo,
acompanhado por uma melodia dada por um prato de choque” põe em choque quem dança e, quem vê quem dança
e bem, deixando-me, pelo menos a mim, na
dúvida do que será que está por ali a acontecer: se é dança ou, uma maneira
interessante de colocar os preliminares que antecedem uma valente noite de
sexo, ali às claras de forma legal ;-)…
E eu dancei… Com quem me convidou, sim porque, isto de se ir
a um espaço de Kizomba, é mesmo assim, é quase como nas festas de garagem do
meu tempo em que, ou se olhava o outro que através de um tipo de olhar nos
convidava para, ou, bastava um toque no braço se por acaso estivéssemos distraídas
e lá embarcávamos em mais um deslizar ritmado. E dancei bem… não sou uma Sara
Lopez, nem sequer qualquer uma das que vi por lá dançar que, não fosse o facto de
serem morenas eu diria que estaria
perante a tal de Sara ao vivo, nem sequer tenho pretensões a, mas, tenho a
batida no sangue, o ritmo no corpo trazidos pelas memórias delicadas e lindas
de quem cresceu mesmo perto da sanzala e que se embrenhava por lá, comendo,
dançando, rindo, vivendo…
E foi verdadeiramente encantador… e tive direito a tudo,
salvo seja, ;-): o par, que respeitosamente se limitou aos passos básicos, com
uma distancia entre os corpos suficientemente segura e que na repetição de
convite já avançava para mais próximo, não fora a barriga proeminente; o par , convencido
que percebe muito do estilo, que se mexe descompassadamente e que no fim,
quando se afasta, coloca aquele ar de autentico profissional pelo qual
eu deverei estar eternamente agradecida por me ter preferido; o par que,
languidamente, investia num ritmo de ancas de fazer corar qualquer um a quem eu,
educadamente, devolvi : - peço desculpa
mas eu não sei dançar! E consegui convencê-lo disso por mais que ele insistisse
em não acreditar. Mas, desistiu!
E finalmente, encontrei um par,
verdadeiramente delicioso, que sim, esse dançava, sabia dançar e o que o
movimentava era mesmo a dança! E branco! Mania esta de que só as pessoas de cor
tem o ritmo negro! E , mesmo com tropeções, porque a minha dificuldade em deixar-me controlar é grande, levou-me a acreditar que : - Afinal ,eu
até levo jeito na coisa, "porra"! Nada como dançar com alguém que entende da
safra! E, à preocupação de que eu pudesse ter algum problema com a excessiva
aproximação do corpo, respondi-lhe: - Não! Porque deveria ter? ;-).
Afinal, Kizomba não é só um roçar de ancas em movimentos
libidinais, é muito mais do que isso! É preciso de facto, que não se tenha
problemas com o toque dos corpos e que se deixe fluir confiando ao corpo do
outro, a direcção do nosso próprio corpo ao compasso do ritmo...
Já de madrugada, ao voltarmos as três para casa, coincidíamos
em tudo o que sentíamos: tinha valido a pena; o divertimento prevaleceu sempre;a boa disposição tinha sido uma constante ; e que, mesmo cansadas, a repetição ficou marcada.
Afinal de contas, consegue-se dançar
Kizomba sem ter necessidade de, respeitosamente, como dizia a minha irmã, dizer
ao nosso par:
- Importa-se por favor de retirar o seu
telemóvel do bolso!
Absolutamente delicioso!!!!!
mp&c