Não são os meus bichos! A serem, lá se podia ir o anonimato e a minha mãe descobria ;-)... |
Ok… vamos lá então escrever sobre cães, gatos e marido! Não necessariamente por
esta ordem de importância, note-se!
Bom, tenho duas cadelas, uma gata e um gato que um dia, já
foi gata. Mas isso fica para outro texto.
Gosto dos meus animais, muito, mas não me vou perder por
aqui a divagar sobre os seus direitos que para mim são claros e inquestionáveis,
nem tão pouco acusar ou enunciar as atrocidades que se vão fazendo por aí. Deixo
isso para quem de direito.Permito-me assumir de forma clara que , se tenho animais a meu
cargo, é porque gosto de animais e como tal, responsabilizo-me por eles e vivo tranquila com a certeza de que são fantasticamente bem tratados.
Repito, gosto
muito dos meus bichos mas defendo que, como
diz o velho ditado, “cada macaco no seu galho”: eles no seu sitio e eu, no meu.
Não os coloco acima dos meus nem, ao lado dos meus mas, enquanto fazendo
parte do meu contexto familiar,
claramente tem a importância que eu/nós lhes damos.
Só não me peçam é para os
tratar como seres humanos. E que não se virem contra mim por eu não fazer
isso! São pontos de vista diferentes e nem o meu, nem o que for contrário, está
certo ou errado. São simplesmente diferenciados no que toca a esta coisa de interacção
“animal”!
Eu pormenorizo: não comem à mesa comigo; não vão para cima dos meus sofás; nem dormem na minha
cama; não lhes tiro fotografias cada vez que fazem algo pela primeira vez; nem
lhes faço um álbum desde os primeiros dias que chegaram; não lhes dou beijos na boca; não ando com eles
ao colo; não falo com eles como se fossem meus filhos, nem os visto para
parecerem gente . Prescindo perfeitamente e intencionalmente das
visões que me são dadas pelos donos que fazem tudo isto e muito mais. Entendo
que , desvitalizar o animal da sua própria essência e instinto, também pode ser
negligência! Felizmente, apareceu por cá o programa do Cesar Millan - O Encantador de Cães – que me trouxe a
certeza que eu estava no bom caminho e me “diplomou” como cuidadora suficientemente boa de cães e gatos! Mas naturalmente, respeito quem se coloca dessa
maneira com os seus bichos de estimação.
Posto isto, retomo então a ideia deste texto e trago agora o
meu marido para este cenário.
Pergunta quem me lê: - Mas o que é que uma coisa
tem a ver com a outra? Tem tudo. É que ele, meu marido, é quase um pouco como
aquelas pessoas que tratam os animais como relatei (excepto, no comer à mesa, beijos na boca e vesti-los como gente...)… e só não faz mais porque eu
argumento e contra argumento, sobre a sua forma de tentar ser o chefe da
matilha. ( mas o facto é que, irritantemente, eles
seguem-no para todo o lado…)
Irritada com isto ou, se calhar, com outra coisa qualquer
que não descortinei na altura, acabei por ocupar quase um mês da minha análise
a falar sobre esta coisa da relação do meu marido com os nossos bichos. Exasperava-me a imagem à posterior que eu
tinha de mim, quando me acalmava: tal Maléfica, a minha entrada na
sala era sempre acompanhada pela fuga aterrorizada de toda a bicharada: a gata
Laurinha saltava metros de altura do colo dele para nunca mais ser vista nas
horas a seguir; o gato Luisinho (que já foi gata) desatava a miar pelas escadas
abaixo direito à sua alcofa; a Fiona e a Nonô , as nossas cadelas de raça “bulldog
francês” , escondiam-se por trás dos sofás e, pata entre pata, deslizavam pelo chão, com aquele olhar abandónico até ao
limite que lhes parecia permitido: sempre com uma distância segura
relativamente a mim! Céus!!!!!! Que bruxa, eu!!!
Aquilo incomodava-me à brava! Não sei se me incomodavam mais
os olhares da Nonô e Fiona se, o olhar do meu marido critico e ao mesmo tempo
interrogador tipo: - Mas porque é que és assim? Deixa estar os bichos!!
E eu respondia-lhe: - Sou assim porque tu és assim!! E
pronto, ficávamos neste jogo de ping pong com a acusação como bola. E lá ia eu
pagar 55€ por mais uma sessão de análise a falar sobre estas nossas discussões
de poder sobre os animais: eu educava e ele, naturalmente, deseducava!
- Mas afinal o que é que a irrita mesmo? Perguntava-me a
analista. E eu lá lhe enunciava exaustivamente , todos os excessos de cuidados
e atenções que o meu marido dava aos bichos que me pareciam absolutamente
exagerados e que, para variar, depois tinha mais trabalho a educa-los e que não gostava nada, por isso, de me olhar assim,
como a bruxa má de todas as histórias!!
- Percebo! – dizia-me ela – Só ainda não percebi do que
reclama mesmo: se do excesso de atenção do seu marido aos vossos bichos se, da
falta de atenção que sente, para si, devido a isso!
Na semana a seguir faltei à sessão!!!
mp&c
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